Renée Pereira
A salvação do setor elétrico brasileiro pode estar num racionamento de gás natural para a indústria ou automóveis. Se as chuvas não encherem os reservatórios nas próximas semanas, a solução para evitar cortes de eletricidade, conforme decretou o presidente Lula, seria acionar todas as térmicas existentes, com capacidade para 10 mil megawatts (MW). O problema é que, além da escassez de água, falta gás para atender a todos os mercados. “A principal pergunta a ser respondida agora é como será compartilhado o combustível para indústria, setor elétrico e setor automotivo”, questiona o presidente da consultoria Andrade & Canellas, João Mello. Hoje, o consumo de gás natural no País está em torno de 45 milhões de metros cúbicos por dia, sendo 55% da indústria. Se todas as térmicas fossem acionadas, haveria necessidade de 50 milhões de metros cúbicos por dia só para produzir energia elétrica. Hoje, para pôr em operação algumas usinas, já há falta de gás. De acordo com o relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), divulgado na quinta-feira, seis usinas produziram abaixo do programado por indisponibilidade de gás natural. Ou seja, não tem combustível para todo mundo. E o governo sabe disso. A possibilidade de ter de cortar o fornecimento de gás para alguns setores foi admitida pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, durante entrevista concedida na quinta-feira, em Brasília.
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