Flora Holzman
A Real Sociedade, academia de ciência da Grã-Bretanha, sugere ao governo do Reino Unido que fixe metas nacionais de redução das emissões de gases estufa por tipo de biocombustível, em vez de apenas recomendar o uso desses combustíveis de forma aleatória. Isso porque, na avaliação de especialistas encarregados do relatório divulgado nesta segunda-feira, nem todos os combustíveis renováveis podem, sozinhos, garantir a sustentabilidade do sistema de transportes e a redução das emissões de CO2.
O documento de 79 páginas propõe indagações como: "Que extensão de terra será necessária ao cultivo de insumos destinados à produção de biocombustíveis em quantidade suficiente para que a Grã Bretanha alcance suas metas de redução do uso de combustíveis fósseis? Que quantidade de biocombustíveis pode ser produzida global, nacional e regionalmente? Que impacto a produção de biocombustíveis terá no uso da terra e na qualidade de vida das populações envolvidas com o plantio de insumos?
A resposta exata para essas perguntas é difícil porque, na avaliação dos especialistas da Real Sociedade, comandados por John Pickett, as indagações envolvem diversas variáveis científicas, sociais, ambientais e econômicas. Entre essas variáveis o documento cita o risco de substituição de áreas hoje destinadas à produção de alimentos, o grau de eficiência na conversão de cada insumo (milho versus cana, entre outros exemplos), a localização do consumidor final e o tipo de uso que ele fará do biocombustível.
Para reduzir as incertezas a respeito das diferentes opções de biocombustíveis, a academia de ciências propõe que se estabeleçam critérios aplicáveis a todo o tipo de uso da terra, seja para a produção de alimentos ou não-alimentos; que se ampliem as pesquisas a respeito dos diferentes tipos de biocombustíveis, em particular observando de forma cientificamente sólida o potencial de redução de emissões de gases do efeito estufa de cada insumo.
A redução das emissões depende, por exemplo, de como a planta é cultivada, cresce e como seu combustível é usado. Por isso, nem sempre o aumento indiscriminado do uso de biocombustíveis leva automaticamente a uma redução das emissões, sublinha Pickett. Essas iniciativas, dizem os cientistas britânicos, não podem esperar, até porque muitos desses biocombustíveis já estão entrando no mercado.
A Real Sociedade também alerta para o risco de a Grã-Bretanha "exportar" problemas ambientais e sociais ao "importar" biocombustíveis de regiões em desenvolvimento sem qualquer critério de sustentabilidade, porque o país não possui terras suficientes para o cultivo de insumos destinados à produção do combustível. E recomenda que as compras externas de combustíveis renováveis privilegiem as regiões que reabilitem terras degradadas para o cultivo de plantas usadas na produção, em vez de destinarem terras férteis de bacias ou florestas para o cultivo de insumos.
(...)
http://invertia.terra.com.br/carbono/interna/0,,OI2234533-EI8935,00.html
15 de jan. de 2008
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